A grande interrogação proposta é se poderá haver uma presunção de que há qualquer coisa para ensinar, para transmitir, no que à arte diz respeito.

A decisão de, pelo menos, tentar manter as incoerências próprias de um diálogo deste género feito em conjunto é a única justificação para o título do espectáculo, mesmo que estas incoerências se percam depois de cada um dizer o que pensa.

São estes momentos de incoerência que são o centro da discussão. São opiniões directas atiradas à cara do investimento de sentido que cada um faz e que está permanentemente sujeito a mudanças, um processo que se opera através do colapso do investimento dos outros.

Entre concordância e discordâncias o que se tenta enfatizar, talvez apenas simbolicamente, é mesmo uma mudança. Uma mudança visível inserida dentro da certeza que é necessária para passar conhecimento artístico.

Ch-ch-changes, pretty soon now you’re gonna get a little older

David Bowie

4 de maio de 2010

Barreira cultural






7 dias
2 Artistas
395 cigarros
83cafés
2 km às voltas
1 sonho
erótico
Barreira Cultural

(uma laranja em cima da mesa)

Tenho uma imagem... imagina o público, o público está na sala, então damos um papel com una missão/acção (damos papel e caneta com essa missão) que está ligada com o texto, que nos atirem coisas, digam coisas…etc, como nos livros de “Constroi a tua própria história”, assim são parte directa da obra, construimos vários textos, se o público agir seguimos um caminho, se não agirem seguimos outro caminho. Variedade, variedade!…E se agirem mal?... É arriscado, sim muito arriscado… Vamos fumar um cigarro? Vamos! Bem, ¿vamos perguntar-lhe?, Não… ele não pode intervir…¿ Vamos perguntar-lhe o que acha? Eu não quero, Eu quero, Esta bem sejamos objectivos:
Pedra, papel ou tesoura…123, empate, 123, empate, 123…ganhas tu… Não vamos...

PASSAGEM DE TEMPO – 2º DIA

Hoje estive a pensar, e não vai funcionar, é muito complicado, sim muito complicado… algo simples…simplicidade… Bebemos um café? Vale! Então, cadeiras deformadas, espaço deformado…¿ E se espalharmos vidros por todo o espaço e assim ningém se pode sentar? Não, não… E se nos deformarmos? Sim , sim… Eu gosto, mas isso é só estético…¿ De que falamos?
Da selva.
Sim da selva, gosto muito dos animais... Não é desse tipo de selva, aselva humana, a selva que há lá fora, dos predadores que criam aquí dentro para os soltarem aí fora, para o mundo real…¿ Sim?... Fumamos um cigarro? Sim... Vamos preguntar-lhe… Vamos…

PASSAGEM DE TEMPO – 3º DIA

Era melhor se não tivessemos ído... porque não nos baseamos no texto e sim no autor...
Autor, autor... sim o autor... disse para não nos basearmos no que ele faz... O texto!!
Pois purificação… fogo caminha comigo… referências... toma David Lynch, melhor ainda… las fallas valencianas… isso também é arte… temos de queimar… o profesor, e os seus 9 colegas mais os assistentes… até o texto… também queimamos o texto...
Olha, não quero saber de mais nada… preciso dar voltas… preciso de tempo… Fumamos um cigarro? ...e bebemos um café!!
”Os alunos precisam de tempo, muito tempo...” mas não temos tempo, temos 7 dias, 144 horas, 11520 minutos, 691200 segundos e já estamos nisto à 3 dias, 72 horas, 4320 minutos, 259200 segundos e ainda sem nada… tempo... tempo…
Porra. Esta merda poê-me em luta!!!!!!!!!!!!!!!!!! (mostro folhas c exclamações)
A liberdade, as inúmeras opções... Basicamente podemos fazer tudo.

PASSAGEM DE TEMPO – 4º DIA

Está bem… Vamos começar de novo... O texto… Merda, não há texto... Queimamos o texto... Parvos, parvos, parvos… “Não queimos os apontamento até acabares o exame” foi o que a minha mãe sempre me disse. Bem, tenho uma tradução do espanhol que não é muito boa ¿tevale?, Me vale!
A ver, ele fala de variedade, de referências… tenho uma imagem... Se pusermos uma casa de feira com patos onde estejam diferentes autores, Becket, Liddell, Kane, Vieira, Durang, Shakespeare… e outros… já estás outra vez com as imagens… Sim, tenho que partir de algum sitio… e o público atira ovos... outra vez o público... Bem repito-me… Estou a tentar alguma coisa…E se cozinharmos?
São ideias boas, tudo vale e nada é bom… E o que é que tem qualidade? Como podemos a definir? Por mais que faça estas perguntas nunca encontro uma boa resposta... Tudo é bom, tudo vale... És um artista paciente e seguro… e és o que quiseres ser…¿ Sou o que quiser ser? Tantas falhas, tantas voltas, tantas histórias... Não temos tempo... E se metermos dança contemporânea?, atiramos tinta vermelha um ao outro, e pintamos no ar? E se colarmos o texto com ganhos na pele?, body art…,
Estou a ficar com uma preguiça… preciso gritar, que vontade de sair daqui, deixar de estar numa escola de arte, deixar de estar relacionado com este mundo, professores, alunos, cadeiras, notas… Sempre preocupado com a nota... Sair e fazer o que quiser, Ser o artista que quero ser... Que me expulsem..., que me expulsem!

PASSAGEM DE TEMPO

E se o nosso trabalho for baseado nestas coisas que temos andado a pensar? Po de ser. Pode ser.


A Crise Criativa.




(deixa para alguém do público que no início terá recebido um papel a dizer: QUANDO OUVIRES “CRISE CRIATIVA” ESPETA ESTA CANETA NA LARANJA QUE ESTÁ EM CIMA DA MESA.”)



A Barreira Cultural!

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