A grande interrogação proposta é se poderá haver uma presunção de que há qualquer coisa para ensinar, para transmitir, no que à arte diz respeito.

A decisão de, pelo menos, tentar manter as incoerências próprias de um diálogo deste género feito em conjunto é a única justificação para o título do espectáculo, mesmo que estas incoerências se percam depois de cada um dizer o que pensa.

São estes momentos de incoerência que são o centro da discussão. São opiniões directas atiradas à cara do investimento de sentido que cada um faz e que está permanentemente sujeito a mudanças, um processo que se opera através do colapso do investimento dos outros.

Entre concordância e discordâncias o que se tenta enfatizar, talvez apenas simbolicamente, é mesmo uma mudança. Uma mudança visível inserida dentro da certeza que é necessária para passar conhecimento artístico.

Ch-ch-changes, pretty soon now you’re gonna get a little older

David Bowie

4 de maio de 2010

O Quarto e Dieter Lesage

Isto é o meu quarto, o meu quarto é o meu país, o meu país é o meu corpo, o meu corpo é a minha terra. A minha janela tem grades, as grades ao contrário das guerras fazem-nos, fazem-nos mais magros. A guerra prepara o “magricela”. És um sonhador, és um palhaço. Então, tu despes-te para seres mais natural, Sim, eu sei que tenho um pénis pequeno, o tempo é escasso – odeio isto – adoro relógios.


Tem de haver um método nesta confusão: tu vês as notícias, tu fazes a pesquisa sobre os “blues”, tu fazes pesquisa sobre os militares, tu cantas, fazes pesquisa sobre o “swing”. Tu és um nadador para mudares o teu “mude”, talvez seja boa ideia pegar num livro. Penso eu. Não, talvez não. Sou amnésico, perdi a minha língua, esqueci-me da minha língua?! Impossível, terei de continuar, contigo nua; terei de continuar com a palavra, terei de continuar com a palavra nua, terei de continuar com a palavra nua de preconceitos. Isso é verdade, porque tu não gostas do teu corpo, tu tiveste tempo para trabalhar o teu corpo, mas o tempo apanhou o teu corpo numa caixa. Isto é o meu corpo, a minha pele está a envelhecer a cada dia que passa como as palavras. Tu dizes que sofro de uma desagradável esquizofrenia. Pois. Sim, sou. Tu não é s propriamente um artista, dizem eles, mas sim tu és. Eu sei, que tu não tens um método. Tu dizes que eu misturo as coisas. Não, portanto não em digas como trabalhar como um artista. Não me digas que o sentido só aparece no texto. Não me digas que sem um texto escrito no meu trabalho, o meu trabalho não tem significado.

Tu sabes o que estou a dizer?

Se eu sei o que estou a dizer?!

Imagens podem falar. As minhas imagens marcam a história. As minhas imagens podem falar tanto melhor como as palavras o podem.

Às vezes penso que o Inglês não serve para nada; de facto com c, ou de facto sem c. Terei de ser concreto e neutro, porque não vejo o preto e o branco. Mais vale respirar e mergulhar no lamaçal de palavras inaudíveis. Oiço o barulho da impressora…

Hey, tu fazes um solo: “Não sejas um performer, sê um escritor”

“Faz as coisas como alguém te contemplasse” – Epicuro.

“I’m not a heterossexual, neither a homossexual; i’m just sexual” de Keanu Reeves.

Eu adoro este tipo de misturas. É uma grande desculpa não dar atenção a todos os teus pensamentos. Preocupa-te porque os problemas artísticos não se resolvem por si. Uma mosca foi apanhada por uma chávena de chá. Ninguém liga a isso!!! Um problema artístico acontece a priori. O problema é a mosca e não a chávena de chá.

Tu és um artista e isso significa: tu és um sonhador, tu és um palhaço. Isso é o que algumas pessoas pensam. É uma grande desculpa não dar atenção a nenhuma a todos os teus pensamentos. Portanto, o que acontece é que tu, enquanto artista, pões ideias em projectos que outros irão apresentar no seu museu, no seu Kunsthalle, no seu espaço de exibição, na sua galeria. Então és um pensador. Desenvolves reflexões que ninguém realmente quer saber, tu és um crítico e peras. És surreal. É um Ás.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ouvi dizer que o exercício vai ter 7 HORAS